Eu só quero te dizer (desabafar?) agora da forma mais simples possível: eu não entendo mais meu prazer por escrever. Eu tenho cada vez menos vontade de criar algo e, acima de tudo, de organizar de forma (quase) lógica o que criei. Eu tenho algum relampejo de criatividade vezenquando, pego um papel qualquer e escrevo umas palavras soltas, algo totalmente sem sentido, beleza ou coisa do tipo. Pra ser mais específica: eu não escrevo, eu vomito.
Duns tempos pra cá, tudo faz mais sentido quando eu me privo das palavras e desenho, pinto, canto, danço ou toco piano. Quando eu toco, tudo flui melhor e eu me expresso da forma mais clara possível. Tocando não precisa-se daquela preocupação irritante em fazer sentido; precisa-se de treino, e só. Eu sinto meus dedos gelarem com o choque das teclas e os braços esquentarem quando faço movimentos mais rápidos e, ainda por cima, posso me ouvir - literalmente. Quando eu termino, eu não tenho vontade de amassar tudo e jogar fora por vergonha, como acontece quando eu escrevo. Eu me sinto aliviada, leve, livre e disposta a tocar mais. Parece até que as coisas inverteram.
O prazer é quase o mesmo quando desenho e consigo transformar em imagem todo o turbilhão de palavras e memórias que me atordoam em silêncio. Se me perguntarem sobre, é só uma menina; e por que ela está chorando?, ah, ela perdeu um amigo, e por quê vomita flores?, não sei, algo que me veio à mente, e esse cigarro?, ah, nada demais, ela estava cansada. Ninguém exige muita coerência em um desenho, compreende?
O fato é que as palavras têm me sido um escapatória apenas quando ditas (ou cantadas) por outrem. Não sei mais me confortar muito bem com o que eu mesma digo, não consigo construir uma frase bem escrita, sequer algo profundo ou que prenda a atenção de quem observa. Consigo colocar várias contradições em uma só frase e isso realmente me agonia. Já tive pseudo-crises de criatividade antes, mas nada como agora. Isso já vem de tempos e, pra falar a verdade, não sei definir se é passageiro ou se ainda perdurará por mais um (bom) tempo. Mas, por em quanto, me é mais confortável cantar (e sentir) Mumford & Sons enquanto tomo um chá gelado.
Acho que esse texto é a coisa mais bonita e triste que já li. Talvez por eu me identificar demais com ele.
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