quarta-feira, 15 de agosto de 2012

9h


Eu quero ir num bar, fazer um amigo, te ver de longe, matar a saudade do que sobrou. Ouvir o cara ali do canto tocando um blues no meio de tanto barulho, ver um casal dançando, um brigando, dois se beijando e nenhum se resolvendo. Beber um vinho e brindar o nosso fracasso. Reviver tudo o que foi deixado pra trás, vestir o figurino e ser todos os personagens que eu já pensei em interpretar, ter todas as idades que eu já pensei em ter. Tirar umas máscaras do armário e outras do rosto. Conversar contigo e te ouvir escorregar nas palavras por ter bebido mais que o recomendado. Você é engraçado, eu digo. O quê? Engraçado, você, eu repito. Você dá de ombros e segue falando suas filosofias de botequim. Eu escrevo um verso aleatório no guardanapo que tinha sido esquecido por ali perto e o guardo no bolso. Amanhã de manhã as palavras não vão ter sentido, talvez no máximo tenham significado. Ou nem isso. Amanhã já foi, já era, ficou pra trás, pra depois. Mas a satisfação ainda está estampada no rosto, preenchendo os vazios criados pelo tempo.

São quase meia-noite quando eu sorrio pra ti e vejo tudo se apagar - e, às nove horas, eu já não sei de mais nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário