quarta-feira, 11 de julho de 2012

Desconstruindo Amélia

Meus olhos não podem enxergar muitos detalhes, tá tudo embaçado, emaranhado e escuro. No meio de tudo isso, eu ouço teu choro de leve. É baixo, mas dá pra sentir que vinha sendo reprimido há muito tempo. Tu és forte - até mais do que eu imaginava antes - e sei que se deixastes uma lágrima escorrer por fora, é porque não conseguistes conter uma erupção que te queimou lentamente por dentro. Por mais que tentes deter tudo isso, tua dor transparece no nosso abraço, e eu sinto tuas lágrimas se dissiparem aos poucos no meu ombro. Eu gostaria de dizer alguma coisa, algo reconfortante, aquelas coisas de filme, mas eu nunca fui muito boa em expressar o que eu sinto, e não consigo fazer nada além de te abraçar forte e tentar (inutilmente) conter minhas lágrimas que já fazem meus olhos arderem. Nada do que eu diga agora pode mudar algo que vem te atormentando desde antes mesmo de eu nascer. Eu não tenho conhecimento nem estruturas suficientes pra tudo isso, e temo mais ainda ao ver que mesmo tu não estás conseguindo segurar bem as pontas. Eu não sei mais o que fazer. Não suporto te ver desmoronando na minha frente enquanto eu sinto que estou de mãos atadas e boca vendada. Eu só... estou aqui.

"Talvez amanhã esteja tudo melhor", eu ouço teu murmúrio. Assinto com a cabeça. "É, talvez".

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