sábado, 12 de maio de 2012

Garganta fechada

           Duns tempos pra cá eu tenho tido uma dificuldade muito grande em me comunicar, expressar, ou o diabo a quatro. Seja por forma de texto, fala, poesia, mímica, ou qualquer outro meio de comunicação que não me esteja me vindo à memória agora. Se vou escrever, digito as palavras mais devagar do que consigo pensá-las; se vou falar, paro no meio da minha frase porque já me perdi da minha linha de pensamento. Eu estou lenta pra tudo, sem reação pra nada. Tem muita coisa que me atormenta, mas eu já não me sinto confortável pra transformar isso em reclamações, textos, palavras, frases ou qualquer outra coisa. Tem sido mais cômodo guardar tudo dentro de mim. Chorar, rir, pensar com as minhas músicas - músicas dos outros, na verdade; o que faz eu me sentir mais inútil ainda. Acho que inútil é a palavra que me descreve melhor agora. É verdade que eu nunca me senti satisfeita com o que eu escrevi, mas o ato, em si, de escrever, naquela hora, naquele momento, me tirava um peso gigante das costas. Acho que eu dormi no ponto, e estou deixando o peso se acumular.

           Eu quero gritar, escrever, falar, cantar, vomitar, tossir, qualquer coisa que coloque tudo isso pra fora. O espaço de dentro já está acabando (tá transbordando, pra ser sincera). É muita informação (quiçá até pouca demais, não sou consigo ser clara o suficiente pra distinguir) e eu me perco. E pra botar pra fora eu preciso me achar. Minha garganta está entalada e os dedos congelados. Eu paro pra pensar e não consigo saber se eu me sentia mais ridícula ao reclamar ou agora ao não me manifestar.

Um comentário:

  1. Todo bom escritor (coisa que tu obviamente é), tem bloqueio criativo, pelo menos uma vez ao ano. Quando os pensamentos ficam lentos demais, para acompanhar a fala rápida, ou os dedos que escrevem mais rápido ainda. Já passei por isso, mas relaxa, logo, logo, tu volta a escrever com a frequência de antes, e eu estarei esperando pelos teus textos, porque os amo!

    ResponderExcluir