Sabe qual o maior problema das pessoas? Não saber separar o essencial do secundário. Não pensar antes de falar. Ver uma pessoa com um tumor, e logo após, olhar para o seu próprio calo e ter a capacidade de pensar “meu calo é mais importante”. É falta de coerência, falta de paciência, de sensibilidade. Falta de interesse. Falta de realismo e, acima de tudo, de capacidade de percepção. E, por incrível que pareça, falta de respeito – não falo apenas com os outros, mas também (e principalmente) consigo mesmo.
As pessoas andam sofrendo e se acabando por muito pouco. Um namoradinho canalha já é motivo para se cortar e sofrer como se o mundo tivesse desabado sobre si. A impressão que tenho é que alguns seres procuram problemas em tudo que é lugar e, quando encontram um que seja, o colocam num pedestal – um pedestal mais alto que o próprio orgulho, que os outros seres que lhe cercam, que o respeito consigo mesmo, e mesmo ainda que a vontade de seguir em frente. Errôneos são.
Quando você olha no espelho, o que vê? Duvido que seja apenas um reflexo qualquer. Todos nós somos egoístas por natureza, mas nem todos de nós sabemos usar isso a nossos favores. Pare por um minuto – dois, três, ou quantos forem necessários para o tamanho do seu ego – e pense: seu egoísmo vai até que ponto?
Não adianta ser egoísta na hora de dividir bens materiais, na hora de achar que o seu calo é maior que o do seu próximo. Ser egoísta é positivo na hora de defender-se. O que já parte para o orgulho, que é de extrema importância – mesmo que também seja prejudicial quando em demasio. Vejo que as pessoas não parecem ter orgulho. Ou mesmo respeito consigo mesmas. Mutilam-se interiormente por coisas superficiais – e ainda se acham muito corretas. Repito, errôneas são.
Sei que é difícil – aliás, nada é totalmente fácil – mas precisamos ser realistas. Diferenciar a prioridade do superficial; a tragédia do problema que se resolve (ou mesmo passa); o ódio da raiva; o amor do carinho.
O que vou dizer agora pode parecer besta, mas, lá vai: tentem se estressar menos. Teu namorado não é a coisa mais importante do mundo, sequer o amor da tua vida. Teu videogame quebrado não vai derreter mais uma calota polar. Tenha orgulho e não baixe a cabeça pro primeiro imbecil que te machucar. Não te irrite tanto com aquele imbecil que não sabe dirigir. Sorria quando olhares pro céu. Chore quando for necessário, mesmo que o choro não seja algo totalmente controlável. Pare e coloque as coisas em perspectiva. Resolva. Preocupe-te menos. Valorize-te e ponha-te acima dos outros quando for necessário. Veja por o que vale a pena sofrer. Separe as coisas.
A vida, por si só, já te dá muito problema e muito calo pra doer. Se tu criares problema onde não tem, as coisas acabarão por tornarem-se insuportáveis – e tu acabarás indo parar no hospício mais perto da tua casa.
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