sexta-feira, 6 de abril de 2012

Do brando ao inquieto.

Chove e eu ouço o barulho dos pingos debatendo-se no chão. Sento mais perto da janela pra ver melhor, e tu me acompanhas logo após. É tudo tão brando e bonito. É bom sentir o silêncio de um nada ecoando no ar junto da tua companhia que me transborda segurança. Até que a chuva acaba e tudo muda, sabes como é.

Eu nunca planejei nada do que acontece agora, e tu sabes disso.

As coisas sempre começam do modo mais estúpido possível. Até a vida - começamos chorando. E acho que, de certa forma, também terminamos de uma forma um tanto quanto idiota. A morte é fácil, simples, mas não deixa de ter seu lado tolo; suas faltas, seus inacabados, falhas e erros técnicos.

Tu não estavas nos meus planos, muito menos sentir-me ridícula desse jeito. As notas repetidas machucam meus ouvidos que só querem sossego. Calma é tudo o que eu almejo. Eu persigo o que quero com toda a força que tenho ou mesmo apenas penso ter, e acabo sentada no chão, cansada, lamentando pelo o que deixei escapar, por tudo o que escorreu por entre meus dedos quando parecia tão meu. Tenho essa mania tola de achar que as coisas me pertencem, e tu sabes disso.

A dança que era tão bonita passou a tomar um ar tão triste e monótono pra mim; cansei de assisti-la e mesmo de pratica-la. Perdi o ritmo e tu também - não sei se juntos ou separadamente. Há tanto barulho dentro de nós dois e o mesmo acaba causando o silêncio de ambos. Quando não silenciamos, brigamos, e aí tudo cai. Aliás, as coisas têm andado com uma imensa capacidade de cair sobre nós dois, três, um. Tenho saudades da calma, da chuva, do passo certo, do sorriso incerto. De mim. De ti até, quem sabe. É, eu gosto muito de ti.

E tu sabes disso.

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