Não evanesça

Nunca havia pensado desse jeito
Esse inverno eu não conhecia
O frio é diferente; tudo é novo
Mesmo que tal acontecimento viesse se antecedendo
Eu não havia preparado os agasalhos.

Tua alma está evanescendo - eu sinto
Escondes tua escuridão
Mas esqueces de cobrir os olhos chorosos
Por onde ela mais transparece.

Eu te abraço
E dói
Teu coração agoniado; sinto ele bater depressa
Fora do ritmo.

Estás ouvindo?
Estás (me) sentindo?
O amor morre aos poucos
E se esconde, ressabiado, em meus poemas mal traçados.

Deixe que eu limpe tuas asas sujas
Descanse-as em meu colo
Deixe que eu seque suas lágrimas
Apenas deixe.

Sujo tua camiseta surrada com uma de minhas lágrimas
Durante um abraço que parece nos despedir de nós mesmas
Eu nunca consegui manter tudo limpo
Eu nunca pude
Por quê?

Perdão, meu anjo
Ajoelho-me perante teu orgulho, abraço tuas pernas
Mas por favor - eu suplico
Não evanesça.