sábado, 24 de dezembro de 2011

Another brick in the wall

Eu não consigo me dar por satisfeita sentindo-me do jeito que sinto. Eu deveria estar feliz, não? Quer dizer, eu nem sei o que é felicidade. Talvez ninguém saiba. Muitos pensam que sabem, mas eu acredito convictamente que felicidade vai além dos risos no final da tarde. Tento me sentir bem comigo mesma, coisa de mulher sabe? Veja que coisa mais individualista capitalista narcisista, eu só queria olhar no espelho e me sentir bonita, olhar além dele e me sentir suficiente. Mas não é suficiente. Eu sou nova demais, tudo é novo, a experiência me falta, tudo está monótono, mas não me permito a reclamar, eu que deveria mudar a monotonia – não devia? Minha insatisfação já passou do estou-gorda-e-feia-ninguém-olha-pra-mim. Ela já é interna e não pode ser disfarçada com meus delineadores pretos e pó compactos. Talvez seja só drama, ou eu só esteja querendo complicar. Uma menina deve apenas sorrir pelo maravilhoso fato de estar respirando, saudável, em casa, com comida. Não devia? Sei lá. Não sei o que devo ou não devo fazer, e temo seguir o caminho que as leis subentendidas da sociedade me opõem. Sinto que eu só deveria sorrir e aproveitar as coisas sem pensar, compreende? Tomar um mate no fim da tarde e dar risada de histórias vergonhosas, assistir uma comédia romântica comendo pipoca, rir das piadas idiotas contadas pelos amigos. E depois, bem, depois ir dormir feliz, satisfeita, sem mais delongas, sem mais, sem. Eu sou apenas um grão de areia comparado a todo resto, por que deveria me sentir maior que isso? Grãos de areia não devem ter crises existenciais, dramas nem nada, só bastam existir. Não vejo proveito nos meus choros, nas minhas palavras desperdiçadas. Acho que o problema são as delongas, são os momentos em demasio que passo sozinha com a oportunidade de corroer-me em dúvidas e incertezas. Eu cansei de pensar, mas não posso parar. Não me sinto satisfeita vivendo no piloto-automático (levantar, maquiagem, comida, risadas, livro, comida, dormir). Sempre há algo a mais, que eu não sei ao certo o que é. Se é que tem. Quer dizer, tem que ter. Que sentido haveria se não existisse algo a mais? Talvez eu seja ainda muito tola para poder ver o algo-a-mais. O piloto-automático cada vez me tenta mais. Mas eu não consigo. Não posso.

Um comentário:

  1. Gosto do deu batom preto, e de como você passa delineador, independente da idade que tem. Acho você linda, fofa e uma graça, mesmo com textos tão tristes que me dão uma enorme vontade de apertar você :( abraçar você e dizer que tá errada: É linda, linda, linda, e linda!

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