quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O quereres

Eu quero ser coerente, quero me apaixonar, quero sorrir, quero chorar, quero motivos para sentir, quero sentir sem ser clichê, quero me afastar do que me faz mal sem afastar-me de mim mesma, sem afastar-me de ti. Quero intensidade, não quero metades, quero inteiros, quero mais que inteiros, mas quero tanta coisa que sequer cabe em meu vocabulário simplório, como (acho que) já disse quero amar e ser amada também se não for pedir muito, quero me encher de vírgulas e pontos para pausar um pouco o tempo que passa tão rápido quanto minha escrita constante de tudo o que sinto quero e penso. Devoro as vírgulas por fome de tempo, por impulso, por vontade, por acaso. Esqueço-me da pontuação do mesmo modo com o qual me esqueço da coerência – a qual eu tanto almejo. Não sei se quero viver ou imaginar, viver imaginando ou imaginar vivendo. Quem sabe a mistura sem sentido de tudo isso num mar de ilusões criado por mim mesma e pelo amor que cativo por nem-sei-o-que ou nem-sei-quem. Quero amor, quero raiva, quero dor, quero paz, quero tudo, quero definitivo, que seja para agora, depois, ou antes, mas que seja, que deixe ser, porque se não for não há do que valer. Não precisa ser eterno nem concreto, porque de concreto já bastam as paredes duras e sem graça que me cercam, sem vida e sem ardor, sem brilho nem cor, sem rima ou poesia, sem ódio e sem amor. De eterna já basta minha existência que apesar de finita em quesitos terrestres, estende-se por uma eternidade além do céu das nuvens de algodão do chão ou dos outros limites que impomos a nós mesmo, pois toda a vida é eterna embora queiramos pensar o contrário apenas para fazer-se de mais sentido. Quero conspiração, quero aspiração, quero olhares trocados rapidamente num intervalo de luz e sombra de amor e paixão, quero um beijo na testa dizendo que vai ficar tudo bem, quero um tapa na cara dizendo que devo parar de fantasiar, quero asas que me abriguem quando eu já não puder mais por mim mesma voar. Faço rimas quando não quero, e quando quero não consigo fazer. Amo sem querer, e falho ao amar no querer. Não sei o que amo, nem certamente ao o que deveria amar. Talvez eu me ame apesar da raiva aparente em meus olhos quando me observo em frente ao espelho. Talvez eu te ame apesar dos tapas e pontapés. Talvez eu ame a eles apesar das palavras faladas pelas costas por parte dos dois lados da história. Talvez eu não ame nada e só deseje tudo. É confuso, é simples. É querer.

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