segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Baile de máscaras

Tenho algo a admitir: eu minto. Minto sim. Todo dia. Toda hora. Eu minto quando digo que está tudo bem, eu minto quando digo que você ficou ótima nessa roupa, minto quando rio da piada extremamente sem graça que você me contou, minto quando não digo o quão ignorante você está sendo. Só pra não fazer desfeita, compreende? Eu realmente queria dizer que não está tudo bem, que eu me sinto uma imbecil desabando desse jeito. Eu queria dizer que você parece gorda nessa roupa (e que a culpa não é só do modelito). Eu queria dizer que sua piada não foi engraçada. Eu queria dizer que você é impressionantemente desagradável. Mas as pessoas não querem a sinceridade, sabe? Todo mundo quer honestidade até o ponto que tudo esteja confortável para elas. Ninguém quer ouvir um “cala a boca”, “você não cansa de me importunar?” ou sequer um “isso é uma saia ou um cinto, minha filha?”. Ninguém quer ouvir a verdade sobre a coloquial pergunta “tudo bem?”; ninguém quer ouvir tuas lamúrias, teus medos, tuas angústias. Ocupa tempo demais delas, e não rende dinheiro algum. As pessoas querem que você seja sincera pra dizer o quão elas combinam com aquela cor de batom, pra rir das piadas delas, pra abraçá-las. Se quiser, me chame de hipócrita. Sou mesmo, assumida. Minto todo dia, toda hora, todo minuto, como já comentei. E você também mente. Todos mentimos. Sempre. Só pra tornar mais confortável o meio em que vivemos. Mas toda essa mentira que serviria para nos confortar acaba tornando-se uma obrigação quase insuportável, tão desconfortável quanto uma verdade curta e grossa. Mas quando todos decidem que a vida é um baile de máscaras, ninguém habilita-se a andar por aí sem fantasia.

Um comentário:

  1. Amei seu texto! Pura realidade, lindíssimo. Como você mesmo disse, pena que ninguém se habilita a andar sem fantasia...

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